Conhece aquela história de "eu poderia, mas não deveria"?
Comigo é sempre "eu não deveria, mas quem é que pode me parar, não é mesmo?".
Ainda mais sendo otaku de dublagem e blogueira de animes. UM COMBO EXPLOSIVO!
Interpretação
Esse
tom serve para essa fala, contexto e expressão do boneco (personagem)? A
emoção passada em determinada cena está correta ou deveria ser outra?
Sempre lembrando que um dublador é um ator de voz.
Naturalidade e fluidez
Um
diálogo numa série deve passar a mesma naturalidade de um diálogo na
vida real. Assim como qualquer outra interação e leitura do texto
traduzido e adaptado.
Se
o personagem não fala... todo. Pausado. E... com... Ca. Co. E. Tes. O
mesmo não deve acontecer durante a interpretação do dublador.
Se a voz combina
Apesar
da competência dos profissionais, não dá para escalar uma pessoa com
uma voz madura, de alguém de 30 anos para cima, em um adolescente de
catorze. Fica estranho.
Isso não tem nada a ver com a idade de quem dubla, e sim a idade que sua voz transmite.
Pronúncia de nomes/lugares/termos
Sim,
leitor, eu sei que nomes japoneses são incomuns fora do nicho otaku e
que até mesmo jornalistas renomados ainda erram ou pronunciam daquela
forma quebrada e horrível. E isso também acontece com outros termos
estrangeiros.
No
entanto, para que a dublagem passe naturalidade e seja fluída, os
dubladores precisam falar da forma correta (ou pelo menos mais próxima
possível da correta).
Também poderei
comentar alguns detalhes, como: as diferenças entre as versões (na
questão de vozes e interpretação), adaptação do texto, o cotidiano de
trabalho dos dubladores brasileiros e qual é o processo da dublagem do
contrato ao resultado.
Aviso: Esta análise não será da série completa, apenas do primeiro episódio.
Black Butler: Emerald Witch Arc
1º episódio
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O que esse homem tem de diabólico, ele tem de bonito e de valer menos do que uma nota de três reais. Sim, leitor, exatamente, VALE NADA ESSE QUERIDO! |
Opinião: Conheço Black Butler (Yana Toboso) do mangá lá pelos anos 2010 e uns tralálá, acabei largando mão de ler mensalmente, pois... MENSALMENTE. Acabava deixando acumular e quando percebia tinha esquecido de ler uma porrada de capítulos, aí voltava o esquema de largar, esquecer e voltar. Daí larguei de vez.
Enfim...
Mal sabia eu que acabaria trabalhando oficialmente com animes uma década depois, me tornando revisora de legendas para a Crunchyroll. Inclusive, a lista completa de animes em que trabalhei está aqui.
Originalmente, Black Butler era da Funimation, então TUDO ANTES do Public School Arc foi feito por equipes escolhidas por eles. A partir do Public School Arc, já com Funimation e Crunchyroll unidas em uma só, a CR fez uma equipe específica para o anime.
A equipe foi escolhida e... SIM, EU ME TORNEI REVISORA DE LEGENDAS DE BLACK BUTLER! MINHA EU DE VINTE E TANTOS ANOS MORREU DE CHORAR, FOI LINDO. E, olha, quase que não me candidato... (Mas essa é uma fofoca para outro momento.)
E sabe quem ganha quando a revisora de legendas é blogueira de animes? VOCÊ, LEITOR! ESSA POBRE ALMA QUE ACHOU ESTE BLOG NA INTERNET! PARABÉNS! Fique à vontade, desfrute do chá e dos docinhos.
Acho que isso serve como introdução, né?
ENTÃO, VAMOS AO QUE INTERESSA: SEBASTIAN.
Na real, eu tenho a curiosidade mórbida de saber se os dubladores brasileiros FALARAM EM ALEMÃO, porque o elenco japonês falou e foi uma baita experiência auditiva. RECOMENDO.
Um adendo, que eu acho importante fazer já agora, é que obviamente estou acostumada com a dublagem japonesa por trabalhar diretamente com esse material, porém, ao contrário de um simples fã, a ideia aqui é apreciar e analisar a dublagem brasileira sem preconceito com vozes.
Aliás, o intuito não é ficar fazendo comparações bobas entre profissionais daqui e do Japão, por ser o tipo de comentário que não traz nenhum ganho ao texto e à análise.
Minhas comparações, se feitas, serão didáticas, para que o leitor perceba nuances e diferenças importantes durante a localização.
Dito isto... Ai, que nervoso... Vou dar o play.
Olha, pelos primeiros segundos, quando temos o Reinald e o Briegel falando, as entonações e a escolha das vozes ficou boa, o que já indica um bom trabalho da equipe, tomando cuidado para que mesmo participações menores não destoem.
Olha [2], a voz da anciã (carinhosamente, só que não, chamada de "véia" por mim) também ornou. ESTOU COMEÇANDO A FICAR CHOCADA COM ESSE ELENCO DE DUBLAGEM DE PERSONAGENS MENORES.
Gente, completamente impactada que até os gritos de medo ficaram bons... Ou vai ver, tristemente, acabei pegando uma leva de animes em que a equipe não considerou polir um pouco mais as atuações de personagens menores. Se o pessoal da dublagem soubesse o que o trabalho dos figurantes agrega numa série, eles tomariam um pouco mais de cuidado nesses detalhes.
Gente... Agora que terminou a cena do Reinald, Briegel, do mordomo e da empregada, VEM QUEM?! CIEL, O PHANTOMHIVE, E SEBASTIAN, O DEMONHO, digo, MORDOMO!
Eu não estou preparada, sociedade. JÁ COMECEI A CHORAR.
MEU DEOS.
A SURTADA CHEGOU.
MEU DEOS, O MENINO FALANDO ALEMÃO E O MORDOMO DIZENDO QUE FOI HORRÍVEL! MEU DEOS, EU ESTOU MORRENDO FORTE!
Otaku de dublagem emocionada é o pior tipo de ser humano que você vai encontrar hoje no seu belo dia, leitor. DESCULPA.
Olha [3].
Esses episódios em que os personagens falam alemão me fizeram rezar pela alma dos dubladores brasileiros, porque... ALEMÃO, NÉ? Não bastasse o 7 a 1, a pronúncia ainda é meio complicadinha de pegar rápido. Aí só consigo imaginar que gostoso o dublador chegando pra gravar e os diretores dizendo "olha só que legal, TU VAI FALAR ALEMÃO EM 5% DAS FALAS! BORA CHORAR JUNTO".
Só gostaria de dizer que: Ciel, ao contrário do seu mordomo chato, adorei sua pronúncia. Eu tentei com ajuda do Google Tradutor e ficou tão ruim quanto.
Enfim, depois de chorar um pouco, POIS SOU EXTREMAMENTE EMOCIONADA, posso dar um centavo da minha opinião?
Gostei muito da voz do Ciel. Combina com o personagem, o tom não é forçado para parecer mais jovem e soa natural, o que é extremamente importante para um resultado legal.
Não vou falar nada do Sebastian, não. QUERO VER ESSA POBRE ALMA DESSE DUBLADOR, QUE AINDA VOU DESCOBRIR O NOME, FALANDO EM ALEMÃO PRA EU PODER DAR MEUS PALPITES CANALHAS.
Bom, se você está chegando aqui agora e nunca viu este blog ou estas análises na vida, gostaria de dizer ao leitor que, sim, sou doida, e que essa primeira parte do texto é feita ao mesmo tempo em que assisto o episódio. Ao finalizá-lo, faço uma análise mais séria e profunda sobre todos os aspectos da dublagem.
Dito isto, POSSO VOLTAR PARA A PATIFARIA? SIM? OBRIGADA.
Falei isso, aí veio a entonação sedutora desse maldito.
Rapaz, quem escolheu o dublador do Sebastian deve ter dado uma orientação porreta de boa, porque caramba... É O PURO SUCO DO MORDOMO DOS INFERNOS.
"E você vai até lá?" - Basicamente naquele tom de "não estou a fim de ter mais trabalho do que já tenho". É um tom muito "Sebastian", suave, levemente sedutor e, ainda assim, reclamando.
Ih, maluco... Gostei até da voz da rainha.
Não que seja muito importante eu gostar ou desgostar de alguma coisa, mas quando comento sobre isso é para reforçar que a voz combinou com o personagem e que ela soa natural.
É bastante incômodo quando você tem uma voz que não combina com o personagem e que acaba destoando na cena. É um sinal de que a escolha não caiu bem, mesmo que o profissional escalado consiga contornar com uma boa interpretação.
Um pouco mais de sete minutos majoritariamente com cenas entre Ciel e Sebastian, e é muito bom perceber como as vozes se encaixam, principalmente as entonações. Mas vou deixar isso pro Telecurso (análise mais séria, que virá posteriormente).
COVIIIIIIIIIIIIIIIIIINHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAS!
O César Marchetti sendo chamado de Covinhas de Mob Psycho 100. Não sei se ele merece, só sei que foi marcante.
Aliás, sei que prometi a análise da dub de Mob e... ela vem... um dia... Prometo de novo. *risos nervosos*
O César está encorpando um pouco mais a voz, talvez para soar mais velho, já que a voz normal dele é mais jovial e talvez não ornasse bem com o Chlaus. É uma aposta bem arriscada, visto que, nem todo profissional tem um controle tão bom em determinados tons. Fortuitamente, o César parece estar confortável e soa natural.
Eu notei uma mudança no texto quando o Chlaus fala sobre a "Floresta dos Werewolves". Na legenda, nós usamos "Floresta dos Lobisomens", mas faz sentido a mudança na dublagem, já que o Sebastian fala "werewolves" posteriormente com a tradução. Uma boa sacada.
O famoso "Yes, my lord" foi trocado por um "pode deixar, meu senhor" e ficou muito bom, cabendo perfeitamente na abertura e movimentação da boca.
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A interação entre esses dois é uma das melhores partes do anime. |
Assim, eu confesso que sou purista em algumas coisas, mas o "Yes, my lord" acaba não sendo uma delas. Agora do rolê "mordomo dos infernos", esse é obrigatório ter. E, ao contrário do Public School Arc, o Emerald Witch Arc trouxe o "akuma de shitsuji desu kara" duas vezes nos últimos episódios legendados, uma verdadeira alegria. No Public School não teve inserção, pois o mordomo virou professor. Hum... Caberia aí um "akuma de sensei/kyoushi (professor/tutor) desu kara" talvez?
A frase "akuma de shitsuji desu kara", numa tradução literal livre seria algo como "eu sou um demônio de mordomo", sendo adaptada pela nossa equipe de localização como "eu sou um mordomo dos infernos".
Ohhhh... OLHA O DEDÉ AÍ! Quer dizer, não olha, porque o querido está escondido atrás de uma pilha de livros, mas... DEDÉ! Ou seria "Didi"? Nosso querido Diederich.
SR. DUBLADOR DO COCHEIRO, MINHAS ORAÇÕES ESTÃO COM VOCÊ!
O cara falando alemão, maluco... Eu só penso na hora que os diretores viram o bagulho louco que tinham nas mãos, escalaram essa pobre alma e disseram: "Então, você vai falar alemão".
EU QUERIA VER A REAÇÃO DO ELENCO DE BLACK BUTLER QUANDO DESCOBRIU QUE ALGUNS DELES TERIAM QUE FALAR ALEMÃO. Eu queria essa fofoca na minha mesa, sociedade, mas infelizmente sou ruim para fazer amizades.
DUBLADORES, SEJAM MEUS AMIGOS, EU NÃO MORDO! (Em compensação eu choro.)
Gente, a cena do Sebastian tirando sarro do Ciel, porque o cocheiro fala alto-alemão, que é um dialeto, e o bichinho não está entendendo nada. EU VIVI PRA VER ISSO DUBLADO EM PORTUGUÊS (e alemão?)!
Ah.
Então.
Onde tem essas legendas em japonês deveria ter também a legenda em português com a tradução. Depois de terminar este episódio, vou dar uma olhada nos outros e informar a supervisão sobre isso. Afinal, a graça é ouvir o personagem falando alemão e entender o que é com as legendas.
Atualizado 23/05/2025: Já entraram as atualizações com as legendas em português nas falas em alemão nos episódios 1, 2 e 3! o/
"AH, QUE DOR NA BUNDA!" - Eu depois de ficar alguns dias consecutivos trabalhando num certo anime... 26 episódios do puro suco dos anos 2000.
Baldo e eu depois de passarmos o dia inteiro sentados.
Ok, temos a trupe do Phantomhive.
O Tanaka provavelmente só vai falar bem mais para frente, então vou me abster de analisar seus gemidos (não riam). Daí temos o Baldo/Baldroy, a Mey-Rin, o Finni/Finnian e o nosso querido Snake "fazedor de quinhentas mil vozes".
Apesar de não gostar muito quando os dubladores tentam forçar uma voz, já que pode cair no caricato e não ficar tão bom, acho que tanto o Baldo quanto a Mey-Rin ficaram dentro do limite. Sei que as versões japonesas também têm suas peculiaridades nesses personagens, mas é preciso saber balancear e perceber se não dá mesmo para fazer uma adaptação. Falo disso depois.
O Snake também é um personagem bastante peculiar e, dentro das possibilidades, dá para usar tons caricatos dependendo das cobras para dar o tom do humor, só que, novamente, é preciso ter cuidado. Para passar de um resultado bom para um exagero, é muito fácil.
Eu gosto da voz do Finnian, porque mesmo parecendo um pouco mais grave do que a gente imagina para aquela imagem, combinou e soou natural. Sempre importante a naturalidade para dar destaque à história, e não a qualquer estranhamento que a voz ou a atuação venham causar.
Gente, estão todos de parabéns na aldeia, das aldeãs até o Wolfram e a Sullivan.
Muito bem, terminei o episódio, surtei e estou cheia de considerações sobre a dublagem. Portanto, chega de patifaria e bora de Telecurso dos Demônios - Desce um balde de água benta pra galera beber!.
Sociedade, eu estou encantada.
Apesar de ser um relapso que adora dublagem, mas nem sempre tem como acompanhar seriados e filmes mais recentes dublados (fora o que passar na TV aberta e olha lá), é sempre muito bom conhecer novos nomes em obras que eu gosto bastante.
Certamente, o primeiro comentário é sobre como toda a equipe fez um bom trabalho. E quando eu digo "toda a equipe" não me refiro a apenas dubladores e direção, incluo quem fez a adaptação do texto e, principalmente, os técnicos de som e mixagem.
Se as vozes não são mixadas nos volumes corretos, o áudio fica uma bagunça.
Um bom exemplo é quando o cocheiro continuou falando em alemão, enquanto Sebastian e Ciel discutiam sobre a situação em que estavam. A voz de fundo tem que ser exatamente isso, uma voz de fundo, com o diálogo principal recebendo destaque.
A única escorregada foi durante o vozerio (várias vozes falando junto) e a fala do Baldo. O comecinho da fala dele ficou um pouco difícil de entender, porque o vozerio entrou na mesma altura. Se você assistir a versão japonesa, vai perceber que as falas em alemão ficaram um pouco mais baixas, principalmente quando o Baldo começa com o "Ahhh" da parte da dor na bunda.
Outro problema foi com a pronúncia do nome do Wolfram.
Como estamos mais acostumados com o idioma inglês, quando vemos "wolf" naturalmente lemos "uôl-fi". Acontece que em alemão, o "w" tem som "v", então o correto é "vôl-fi", que nem quando a gente fala "Volkswagen", é "vá-guên" e não "uá-guên".
Estranhamente, Wolfsschlucht foi pronunciado corretamente.
Fora isso, num geral, o resultado foi muito bom.
Antes de seguir para o elenco de dublagem e uma análise mais aprofundada da dublagem, caso o leitor não saiba como uma obra acaba sendo agraciada com vozes brasileiras, vou colar aqui uma explicação que dei no HAORI DUB de Bungou Stray Dogs 4 - #01.
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A cara de deboche desse maldito é a coisa mais linda que você verá hoje! |
Anime Dublado - Fase 1
Os
direitos de um anime pertencem a uma empresa. Ela pode explorar
comercialmente o produto, inclusive negociando com empresas de outros
países, como sites de streaming.Quando
o site de streaming recebe o direito de colocar esse anime no seu
catálogo, ele pode traduzir para gerar legendas e pode dublar. É bom
entender que há uma série de cláusulas específicas nos contratos e
interesses da empresa de streaming envolvidos, que podem permitir ou não
a dublagem de determinado produto.
Bom,
a partir do momento em que a empresa decide que vai dublar o anime, ela
se torna o "cliente". E é ele que vai pedir orçamentos aos estúdios de
dublagem. Aquele que tiver o melhor custo-benefício, é escolhido, firmam
um contrato e os trabalhos começam no estúdio de dublagem.
Anime Dublado - Fase 2
O estúdio de dublagem recebe os materiais e começa a procurar dubladores por meio de audições ou contato direto.
Em algum momento por aqui, o tradutor e o adaptador já devem estar trabalhando.
Nesta
fase, para que a dublagem saia do jeito que vimos neste episódio,
trabalham: diretor, técnico de som/técnico de captação/técnico de
edição, controle de qualidade, tradutor, adaptador do texto para
dublagem e dubladores.
O diretor é o responsável por escolher as vozes de cada personagem.
Como Bungou
voltou para a 4ª temporada e várias vozes já foram escolhidas, o
diretor verifica a disponibilidade dos dubladores. Qualquer um que não
possa voltar por algum motivo, é substituído por um profissional
igualmente competente.
O
diretor pode fazer contato direto com um dublador se ele achar que
aquela pessoa combina com determinado personagem. A partir daí, o
dublador é chamado para gravar um teste. O teste é enviado ao cliente,
que aprova ou pede um novo teste com o mesmo profissional ou com outro.
Aprovado pelo cliente, aquele dublador fica responsável por um
personagem.
O
diretor pode fazer audições, recebendo vários profissionais que farão
testes para os personagens. Esses testes são enviados ao cliente, que
aprova ou desaprova naquele mesmo esquema acima.
Anime Dublado - Fase 3
Todos os dubladores foram escalados. Hora de começar os trabalhos de fato.
O estúdio marca os horários com os profissionais, que vão até lá ou gravam de forma remota, recebendo orientação do diretor.
As
gravações são feitas num espaço dividido em dois ambientes, a sala
acústica onde fica o dublador sozinho e a sala onde ficam o técnico de
som e o diretor de dublagem.
Depois
que todas as falas do episódio são gravadas, elas são mixadas e
enviadas ao cliente que disponibiliza dentro do seu serviço de
streaming.
- FIM -
Todo
esse esquema descrito acima sobre a dublagem foram tiradas de anos de
curiosidade sobre o assunto e entrevistas com dubladores. Ou seja, a
situação pode ser um pouco diferente, tendo etapas a mais ou a menos.
Eu não trabalho com dublagem, então não sei o sistema exato.
Não
sei se as informações que tenho como revisora de legendas, a respeito
de como trabalham a empresa de streaming e a dublagem, são sigilosas, portanto, vou omiti-las.
No dia em que eu for amiga de alguém que duble e tiver intimidade o bastante para perguntar sobre isso, atualizo essas informações.
Ciel Phantomhive é dublado por João Vitor Mafra.
Sebastian Michaelis é dublado por Arthur Machado.
Baldroy é dublado por Guilherme Conradi.
Mey-Rin é dublada por Stephany Custodi.
Finnian é dublado por Guilherme de Barros.
Tanaka é dublado por Alexandre Soares.
Snake e suas cobras são dublados por André Rinaldi.
Sieglinde Sullivan é dublada por Isa Pagnota.
Wolfram é dublado por Delphis Fonseca.
Chlaus é dublado por César Marchetti.
Diederich é dublado por Spencer Toth.
Hilde é dublada por Mônica Marianno.
Anciã/Véia é dublada por Selma Campanile.
Briegel é dublado por João Eicke.
Reinald é dublado por André Santi (no My Anime List).
O mordomo do Reinald é dublado por Marco Faustino.
A empregada é dublada por Juliana Máximo.
O cocheiro que fala alto-alemão é dublado por Marco Faustino.
Rainha Vitória é dublada por Zodja Pereira.
Creditados nesta temporada como diretores estão André Rinaldi e Luísa Horta. O estúdio de dublagem é DuBrasil.
Aí tem esse aviso que eu preciso colar por desencargo de consciência:
Dada
a situação desagradável e degradante que o ex-presidente Bolsonaro deixou
no país, vou me abster de comentar qualquer coisa relacionada a
dubladores que sejam apoiadores dele. Apesar do meu total desgosto e
repugnância por aquela besta genocida, o foco aqui é a dublagem.
Qualquer coisa, o Google/Bing/Yahoo está aí. ;D
Muito bem, chegamos na parte que realmente interessa e que vai esmiuçar um pouco mais sobre o trabalho visto neste primeiro episódio.
Pronúncias
Uma das facilidades de Black Butler é que a maioria dos nomes, apesar de estrangeira, têm pronúncia inglesa, um idioma mais próximo de nós do que, por exemplo, o alemão.
Os nomes mais corriqueiros, como os dos personagens principais Ciel e Sebastian, foram pronunciados corretamente, assim como o dos outros, com a exceção já comentada do Wolfram.
Quanto às pronúncias dos dubladores brasileiros durante as falas em alemão, meu conhecimento do idioma é de iniciante. Porém, pelo que tive que usar o Google Tradutor durante o trabalho das legendas, as pronúncias soaram convincentes juntamente com a ótima atuação dos dubladores brasileiros. Unir uma pronúncia estrangeira com a interpretação, sem perder a emoção da mensagem a ser passada, não é fácil e o elenco poderia ter escorregado feio. Principalmente, os figurantes e participações menores.
Contudo, mostrando um ótimo resultado, o elenco que foi desafiado nesse verdadeiro caos, se saiu muito bem. Não faço ideia de quanto tempo levou para que decorassem as pronúncias e conseguissem inserir a atuação vocal, mesmo assim, o resultado ficou realmente perfeito.
Adaptação do texto
Ao contrário de Bungou Stray Dogs S4 que foi um pedaço do inferno com quantidade gigantesca de texto para pouco tempo de boca/fala, Black Butler foi agraciado com um texto que até pareceu curto demais em determinadas cenas e precisou ser um pouco mais arrastado em algumas falas.
Ainda assim, os dubladores conseguiram dar um jeito de ritmar as falas sem que elas ficassem muito arrastadas ou soassem estranhas.
Teve uma fala que recebeu uma pausa maior, só que ela não ficou tão estranha a ponto de causar incômodo.
Sobre o "bocchan", uma palavra minúscula para designar "jovem mestre", gostei das escolhas da dublagem para "senhor", "meu senhor" e somente "mestre".
Como já citei sobre o "Yes, my lord", acho que seria um fricote manter em inglês. Mais para frente, talvez naquela cena em que a trupe Phantomhive recebe seu jovem mestre de volta ao seu lugar de direito, possa ficar engraçadinho. Porém, a adaptação "pode deixar, meu senhor" coube direitinho na movimentação da boca do personagem.
Normalmente, em produções estrangeiras é muito difícil conseguir sincronizar as palavras com o modo que a boca da pessoa/personagem se move, já que o texto foi originalmente feito num idioma diferente ao da dublagem. Entretanto, quando é possível criar uma similaridade, a cena ganha um charme a mais.
O trabalho da dublagem, quando bem feito, não deve ser notado.
Sim, claro, sempre bom surtar com vozes que gostamos e recordamos de outras obras, e não digo isso para desmerecer o trabalho de ninguém.
É que quando a dublagem é notada, ela pende apenas para dois lados: ficou muito boa ou não ficou nada boa.
Quando ela fica muito boa, perceber, elogiar e destacar os pontos que trouxe aquele ótimo resultado é importante para reforçar o bom trabalho de todos os profissionais envolvidos numa dublagem.
Quando não fica tão boa ou realmente sai péssima, é preciso repensar uma série de fatores que não corroboraram para que o resultado fosse bacana.
Só que, num geral, a ideia da dublagem é aumentar o alcance de determinada obra, para que mais pessoas possam conhecê-la. Esse é o verdadeiro "pulo do gato".
Um espectador médio tem que se envolver com a obra sem pensar que ela é estrangeira, e sim, aproveitar o seu conteúdo. E somente a dublagem consegue fazer essa ponte, já que nem sempre as pessoas têm como ler as legendas, seja por algum grau de analfabetismo, dificuldade de visão ou problema que afete a leitura de alguma forma.
A dublagem não é uma audiodescrição (também extremamente importante em produções audiovisuais), pois ela precisa passar a emoção dos bonecos/personagens/atores e a naturalidade e fluidez com que o texto é dito, que vai trazer essa compreensão ao espectador.
Num geral, este episódio de Black Butler não teve problema nesse quesito.
O texto e as interpretações foram muito bem executadas pelos profissionais.
Ciel e Sebastian
João Vitor e Arthur certamente foram escolhas muito boas para os personagens Ciel e Sebastian, respectivamente.
Usar dubladoras mulheres com vozes versáteis não é um recurso utilizado apenas pelo Japão, temos grande exemplos como Úrsula Bezerra e Fátima Noya que já tiveram personagens masculinos de destaque. No entanto, para conseguir determinadas reações e atender certos requisitos, no Japão é muito interessante a escolha de dubladoras para papéis mais jovens, deixando até uma ideia de androginia.
A questão, leitor, é que nem tudo que funciona em um país, funciona no outro, e cada caso é um caso. O fato da Junko Takeuchi e da Úrsula Bezerra conseguirem dar voz ao Naruto Uzumaki do anime NARUTO (Pierrot) é porque, para aquele propósito, suas vozes ficariam perfeitas no tipo de personagem que é o Naruto.
A escolha do João Vitor para dublar o Ciel se mostrou muito acertada, pois temos uma voz que condiz com um pré-adolescente de 13 anos na mente do brasileiro médio. Faz sentido ter uma voz jovem num pré-adolescente. Algo que não é tão agudo quanto uma criança pequena e nem grave como a de um adulto.
E o mais importante é entender quem é o Ciel.
Nosso amado conde e cachorro de madame, digo, cão de caça guarda de rainha, é um menino nobre que passou por umas situações bastante tenebrosas quando mais novo. Ao mesmo tempo que ele foi forjado em sofrimento, ódio e vingança, não deixa de herdar um título de nobreza, e nobres são naturalmente metidos, deve vir no DNA.
Gosto muito das cenas em que o Ciel se impõe ou é todo metidinho, porque o João Vitor passa exatamente esse sentimento quando escutamos o Ciel brasileiro falar.
É muito importante entender que o trabalho do diretor de dublagem, o responsável por escolher os profissionais para cada papel, é de compreender o tipo de personagem e o que ele precisa que o dublador faça para trazer aquela mesma mensagem.
Não é sobre encontrar a versão brasileira da Maaya Sakamoto (voz original do Ciel), e sim, sobre compreender qual a mensagem o personagem tem que passar, assim, encontrando o melhor intérprete para ele.
Confesso que eu estava muito ansiosa para assistir a dublagem de Black Butler, por querer muito saber COMO SOARIA SEBASTIAN "DEMONHO DO CAPETA" MICHAELIS EM PORTUGUÊS BRASILEIRO.
E toda a expectativa que eu tinha foi atendida.
Além de demônio, sociedade, o querido é o quê? Um mordomo de nobre. PIOR, de um molequinho nobre.
Agora pense na relação entre Sebastian e Ciel, o contexto da história e o personagem em si.
O Sebastian obviamente pede por uma voz que dê uma sensualidade comedida, que use um tom suave, quase despreocupado, e tenha um jeitinho de irritar apenas pela entonação e uso de determinadas palavras.
O Sebastian é provocador, zombador com o seu mestre, rígido nas lições e encantador para toda e qualquer pessoa que não o conheça. É falso que nem uma nota de 3 reais, vale menos do que aquilo que o gato enterra na areia, mas a gente ainda canta "você não vale nada, mas eu gosto de você" (Você Não Vale Nada - Banda Calcinha Preta).
O Arthur deu um tom perfeito ao Sebastian e seguiu exatamente a mensagem passada pelo personagem.
O que fez da minha cabeça uma mistura de Rio Tietê com Rio Pinheiros é descobrir que o Arthur dublou o Dr. Moreau em The Case Study of Vanitas. ISSO FEZ MINHA CABEÇA DAR DESCARGA.
Acho que vou assistir a dublagem de Vanitas pela 785ª vez só para escutar o Dr. Moreau e morrer mais um pouco. Aliás... E um dos diretores da dublagem que é, simplesmente, O DUBLADOR DO CRENTE DE ESQUEMA DE PIRÂMIDE? Sim, estou falando de André Rinaldi que dublou Roland Fortis, o nosso ROLANDINHO.
Vanitas dublado em português e japonês moram num condomínio de quatro torres dentro da minha cabeça. É só tiro, porrada, bomba e patifaria. AMO.
A piada é que o Leandro Luna (Noé Archiviste em Vanitas) dublou um personagem na 1ª temporada de Black Butler BR.
Se chamarem o Renan Alonso, EU VOU EMBORA DA INTERNET.
Zoeira. Daí é só fechar Black Butler e chamar de manicômio do Vanitas. Dá no mesmo. E entregar a chave pra Uraraka de Boku no Hero Academia (a Luísa Horta).
Patifarias à parte... Enfim, parece que estou mais acostumada com a dublagem brasileira, consigo até fazer piadocas ruins como faço com os dubladores japoneses.
Pelo menos os dubladores japoneses não têm a mínima chance de ler minhas piadas... Já os brasileiros... LEITOR, NA ENCOLHA! NÃO ESPALHA MINHAS PATIFARIAS POR AÍ!
Só para fechar o tópico falando coisa séria: parabéns ao Arthur por ter conseguido falar alemão como um lorde, fingindo naturalidade. Tenho a curiosidade mórbida de saber se precisou treinar muito ou se foi fácil pegar esse idioma do capeta.
Abraços à Alemanha, aquela querida.
Abraços à Alemanha, aquela querida.
P.S.: Como eu provavelmente tenho pouco amor à vida, fui procurar um episódio de Vanitas BR para assistir e escutar o Arthur no Moreau e... Completamente diferente do Sebastian, o que é de se esperar, mas é sempre maravilhosamente chocante quando o dublador consegue fazer muito bem um cientista doido sem sair caricato e tosco, até um mordomo demônio de voz suave e sedutora.
Aliás, no momento chorando, pois troquei de Vanitas pra Black Butler e... SIM, GENTE, É A VOZ DO MOREAU SE ELE NÃO FOSSE PANCADA DAS IDEIAS.
É por essas e outras que eu amo dublagem.
(Silêncio, olha a blogueira descobrindo modulação de voz. *risos irônicos*)
Wolfram
O que me incomodou um pouco foi a escolha do tom para o Wolfram, uma coisa mais grave e mais rasgada, porque nem sempre esse estilo fica bom e consegue se sustentar.
Curiosa, fui procurar saber como é a voz do dia a dia do Delphis Fonseca e consegui esse vídeo do Instagram, de uma entrevista dele sobre audiodescrição e... A voz normal, definitivamente, não combinaria com o Wolfram, que pede algo mais agressivo contido, talvez no estilo de um daqueles cães de guarda... Dobermann? Rottweiler?
Sério, com aquelas costeletas ou seja lá qual for o nome daquela barba na bochecha, o Wolfram grita certa agressividade, ainda que também demonstre uma disciplina quase estúpida (como vemos em episódios posteriores). Ele é basicamente um cão de guarda encoleirado pela Sullivan.
Entendo agora a escolha do grave e rasgado para passar essa impressão, mas ficou um pouco além do limite, deu uma leve passadinha. Se o dublador conseguir suavizar um pouco, mantendo-se confortável para não sofrer demais com a voz na hora da atuação, acho que o Wolfram ficará ainda melhor.
A voz em si ficou boa para o personagem.
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Eu acho curioso como a roupa do Wolfram é impecável (demonstrando a disciplina) e a aparência tem aquele quê agressivo, ainda que contido. |
Outra boa escolha de voz.
A Sullivan é uma menina de onze anos com uma grande responsabilidade, além de ser "senhora daquelas terras". Mesmo assim, uma criança, por isso exige uma voz mais jovial que possa ser encantadora, infantil e curiosa, carregando também o peso de ser a "Bruxa Esmeralda".
Parece ser a primeira personagem de destaque da Isa em animes, já que o Dublapédia indica apenas vozes adicionais em Shadows House (CloverWorks).
É muito interessante ver profissionais tendo mais oportunidades para mostrar seu trabalho.
Mey-Rin, Baldo, Finni, Snake e Tanaka
A trupe Phantomhive, mais conhecida como "o pessoal da mansão", também foram escolhas muito certeiras para os personagens.
Apesar daquele adendo sobre o Conradi no Baldo e a Stephany na Mey-Rin, suas vozes ficaram parecidas com o que temos na versão japonesa. O Baldo é escandaloso e meio "mal-educado", enquanto a Mey-Rin tem uma voz irritante e esganiçada. Ou seja, "ninguém está roubando, todo mundo está herdando".
Talvez a orientação fosse manter o mesmo estilo na versão brasileira.
Não se trata de imitação do original, mas de pegar aquela ideia e inserir no trabalho em português. E nisso, o Conradi e a Stephany acertaram bem, conseguiram passar a mensagem dos personagens.
E apesar daquela carinha fofa, o Finnian é um pouco mais velho que o Ciel e precisaria de uma voz adolescente, e o de Barros trouxe esse jeito meigo num personagem que tem uma força física extrema com uma aparência adorável.
E essa pobre alma teve que falar alemão também.
Fazer uma reunião de pobres almas que tiveram que falar alemão nesse anime.
O Snake é um personagem que dá para se divertir bem se conseguir pegar o cerne da coisa, que é o uso certo na entonação do próprio Snake e não exagerar nas vozes das cobras para não soar um caricato tosco. A ideia é ser engraçadinho e fazer o espectador esquecer da palhaçada depois de cinco minutos, percebendo que é assim que o rapaz e suas cobras se comunicam com os outros.
O André vai de Rolandinho a Odokawa de Odd Taxi, sendo assim, acredito que ele tenha um bom controle na modulação da voz. Aliás, fui ver um vídeo para escutar a voz normal dele e... morri, pois... o puro suco do Rolandinho.
Sim, gente, eu gosto do Roland Fortis, porque além de ser crente de esquema de pirâmide, ele atormenta o Vanitas e eu me divirto horrores.
Aí a gente tem o Tanaka e a lembrança de uma 5ª série saindo do limbo... Pois eu julgo gemidos e grunhidos, como visto em Jujutsu Kaisen 2 - #01.
Leitor, espero que você não tenha rido do jeito que imaginei.
De qualquer forma, grunhidos e gemidos fazem parte dos sons que fazemos em determinadas circunstâncias e o Alexandre não teve fala, então...
Tanaka é um vovô fofo nesse formato super deformed, que só dá umas risadinhas de vovô enquanto toma o seu chazinho quentinho. E o Alexandre soou exatamente como um vovô querido, tomando seu chazinho enquanto a galera reclama de dor na bunda, de palavreado e etc e tal.
E, leitor, acredite, um gemido ou grunhido estranho ou que soe falso, estraga uma cena. Você deve entender, né? *a minha 5ª série saúda a sua 5ª série*
Chlaus e Diederich
O César e o Spencer, igualmente aos outros colegas, trouxeram um ótimo resultado aos seus personagens.
São participações menores, mas de personagens que dentro da história têm uma grande importância.
Como já comentado, o César trouxe um tom mais grave e conseguiu mantê-lo sem deixar de soar natural, algo bastante importante quando o profissional sai da zona de conforto vocal.
Tinha achado a voz do Spencer um pouco jovial demais para o Diederich, só que lembrei da piada em que meteram o Dedé. A gente fica vendo foto da "beleza alemã" e... atualmente ele é outro. Esse é o máximo que vou dar de spoiler sem contexto.
AINDA ASSIM... achei que o Diederich seria um pouco mais velho, já que era colega de escola do pai do Ciel e o moleque já está com 13 anos. Não reclamo, a voz combinou com o personagem.
Hilde, Anciã e Rainha Vitória
Ainda que tenham participações menores, Hilde, a Anciã e a Rainha Vitória são peças importantes dentro deste arco.
É preciso comentar novamente sobre a boa escolha das vozes por parte dos diretores. Você olha o boneco e a voz combina.
A Hilde é uma mulher entre vinte e trinta e poucos anos, firme, bastante séria e que chama a responsabilidade para si enquanto o Wolfram e a Sullivan não chegam.
A Mônica soube colocar essa firmeza na medida certa, usando um bom volume para que a cena não pareça exagerada.
A Anciã tem toda aquela aura de mistério, como se fosse uma velha bruxa que cuida da união das aldeãs e de magias que exigem mais trabalho. É basicamente uma típica bruxa de contos de fadas.
E poderia ter escorregado ou exagerado no tom por conta disso, mas a Selma fez um ótimo trabalho não pendendo para o caricato. A naturalidade deve ser considerada mais importante do que imitar um estereótipo.
A Rainha Vitória é a monarca de uma grande nação e que precisa lidar com os problemas do "dia" e da "noite". E para os problemas que acontecem nas sombras, ela tem a família do Conde Phantomhive e seus contatos no submundo. É uma mulher poderosa, perigosa e que nem sempre parece estar em seu juízo perfeito, ainda que a voz não denuncie isso. (Como visto em cenas dos últimos episódios do Public School Arc.)
As cartas da rainha são sempre com pedidos bastante difíceis, mas num tom de preocupação de uma avó que pede ao neto para levar um casaco. A rainha força a barra nas cartas para parecer apenas uma pessoa preocupada, quando, na verdade, suas intenções são obrigar seu cão de guarda a investigar.
A Zodja conseguiu trazer um bom resultado, mas só precisa tomar cuidado para não parecer que ela está "lendo" a carta. Tem que parecer mais que ela está "relatando" um acontecimento e/ou um sentimento. Atentando-se a isso, acredito que o trabalho transcorra sem problemas.
Reinald, Briegel, mordomo, empregada e cocheiro
Caso o Public School Arc venha a ser dublado, gostaria de lembrá-los que Reinald e Briegel falam em alemão no finalzinho do último episódio da temporada passada. Portanto, João e André estejam preparados.
Fora esse terror jogado a esmo, tivemos ótimas participações de personagens menores, entregando uma boa interpretação e naturalidade.
Acho que uma das coisas que não precisei me preocupar nesta análise foi com a fluidez do texto, uma vez que, tudo transcorreu tranquilamente e mesmo textos levemente mais compridos acabaram cabendo na abertura de boca dos bonecos.
Retornando ao João e ao André, eles ficaram perto do limite para escorregar na entonação durante a interpretação, principalmente nos primeiros segundos em que seus bonecos falam, principalmente na parte da "Floresta Amaldiçoada". Como nenhum dos dois terão novas falas no Emerald Witch Arc, não há muito o que fazer.
Caso o Public School Arc seja dublado, seria bom acertar esses pontos para deixar mais natural. O Reinald (André) às vezes dava uma derrapada na interpretação, quase soando caricato, e a esticada do Briegel (João) para falar sobre aquele local ser a Floresta Amaldiçoada também quase saiu da curva. E vai ser em alemão, o que dificulta a interpretação por se tratar de um idioma pouco comum no dia a dia do brasileiro médio.
O mordomo (Marco) e a empregada (Juliana) foram participações pequenas, contudo, entregaram um ótimo resultado. Como venho dizendo, a perfeição mora nos detalhes e toda participação, por menor que seja, é válida para trazer um resultado com naturalidade.
Agora o cocheiro...
GENTE, O COCHEIRO SOFREU O DIABO E EU POSSO PROVAR.
O Marco Faustino deu voz tanto ao mordomo do Reinald quanto ao cocheiro e ele deu um verdadeiro baile em alto-alemão. Provavelmente, quem conhece o idioma pode ter algumas considerações sobre pronúncia, mas para uma espectadora média como eu, nada saltou estranho ou sem naturalidade, porque fica óbvio quando a pessoa erra feio e isso independe de idioma.
Como teremos flashback da conversa com o cocheiro mais uma ou duas vezes, vocês poderão acompanhar o Marco falando em português o que ele falou em alemão.
Figurantes e últimas considerações
A todos vocês que fizeram vozes adicionais entre as aldeãs, o moradores da cidade e as crianças que pediram para o Finni jogar a bola, saibam que o trabalho de vocês é extremamente importante para que o resultado final de uma dublagem seja excelente.
Toda vez que um diretor de dublagem não se atenta a isso, uma dublagem muito boa no elenco principal se torna medíocre por causa dos figurantes que não foram bem instruídos.
Nesse caso, a culpa é 100% do diretor que não deu as diretrizes corretas ou da melhor forma possível, escalou erradamente as vozes e/ou não administrou bem o profissional para que a voz soasse mais natural dentro do plano geral.
Afinal, não é o dublador que chega e faz do jeito que bem entende. O dublador tem diversas gravações, algumas vezes mais de uma no mesmo dia, então o diretor precisa estar atento para amarrar todas as pontas.
É claro que também é preciso entender que nem todo mundo tem aptidão e conhecimento para entender esse detalhe. É um processo que leva tempo, e no meio disso acabamos encontrando dublagens que ficam estranhas ou mostram resultados bastante medíocres para um país que tem uma das melhores dublagens do mundo.
De qualquer forma, André Rinaldi e Luísa Horta estão de parabéns por conduzirem um primeiro episódio muito bem construído e com um resultado muito bom.
O primeiro episódio é sempre o que dá impacto.
Como Black Butler já recebeu dublagem anteriormente, dá para entender que boa parte dos dubladores têm uma familiaridade com os personagens, como é o caso de Ciel, Sebastian, a galera da mansão (menos o Snake, que só entrou a partir do Book of Circus na história) e outros personagens que ainda não apareceram em cena.
Aos que estrearam no Emerald Witch Arc, o trabalho apresentado está muito bom e eles conseguiram se integrar bem ao cenário. Quem ainda precisar pegar o jeito, certamente vai ficar mais confortável conforme os episódios forem passando.
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Leitor... que rolê.
Ao contrário de um post de análise de anime que é um pouco mais fácil de fazer, os de dublagem exigem dedicação e detalhismo, e eu tenho déficit de atenção e dislexia, então imagina O ROLÊ.
No entanto, eu sou apaixonada por dublagem e fico muito feliz quando obras que gosto recebem dublagem.
Também acredito que os novos profissionais precisem praticar bastante antes de entregarem grandes resultados, por isso é preciso ter paciência, fazer críticas que mostrem no que eles podem melhorar e reforçar o que está dando certo.
Todas as pessoas envolvidas em dublagem estão sempre aprendendo e melhorando suas próprias habilidades, então durante esse processo podemos ter algumas coisas que não saiam tão legal, e faz parte. E é igualmente importante que as empresas de dublagem entendam seu papel no processo, dando condições para que seus profissionais trabalhem com dedicação e num ambiente de respeito.
Bom, não sou defensora de nenhum estúdio de dublagem, por isso não se trata de indireta a ninguém. Como espectadora, só espero que façam um trabalho honesto e bom.
E é isso por enquanto, leitor.
Este anime foi assistido na Crunchyroll.
Por Kimono aquela que ficou bem empolgada em assistir o mordomo demônio e sua turminha do barulho em português - 19/05/2025
ResponderExcluirEu estou chocado. Não me admira que demora pra vc fazer posts Kimono, olha isso aqui! Vc só não dissecou mais a dublagem porque não tinha mais personagem pra citar! Incrível! Lembrou-me quando eu criticava fanfic ruim de Ragnarok Online! Saia uns textões como esse! Até mais!
Eu só consigo reagir de uma forma a esse comentário: você é fã ou hater?
ExcluirSou fã!! Desde a época do glossário!! É que eu não costumo parar pra ler. Parei pra ler hoje porque sou fã do mordomo de preto!
ExcluirEntendo. Sebastian é tudo de bom.
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