quarta-feira, 2 de agosto de 2023

HAORI DUB: Jujutsu Kaisen 2 - #01 (DUBLADO)

A piada é que eu tinha prometido em algum momento da 1ª temporada que faria análise da dublagem.
Cá estou eu NÃO CUMPRINDO O PROMETIDO, mas dando meu jeitinho, afinal, escutar voz de gosto— como uma dublagem brasileira ficou, acabou se tornando mais um entretenimento neste blog.
 
Eu sei que você quer muito saber se a dublagem ficou legal, quem emprestou a voz para quem e mais uma série de comentários pertinentes, só que antes disso é necessário explicar o que esta análise busca comentar.
 
Interpretação
Esse tom serve para essa fala, contexto e expressão do boneco (personagem)? A emoção passada em determinada cena está correta ou deveria ser outra?

Sempre lembrando que um dublador é um ator de voz.
 
Naturalidade e fluidez
Um diálogo numa série deve passar a mesma naturalidade de um diálogo na vida real. Assim como qualquer outra interação e leitura do texto traduzido e adaptado.
Se o personagem não fala... todo. Pausado. E... com... Ca. Co. E. Tes. O mesmo não deve acontecer durante a interpretação do dublador.
 
Se a voz combina
Apesar da competência dos profissionais, não dá para escalar uma pessoa com uma voz madura, de alguém de 30 anos para cima, em um adolescente de 14. Fica estranho.
Isso não tem nada a ver com a idade de quem dubla, e sim a idade que sua voz transmite.
 
Pronúncia de nomes/lugares/termos
Sim, leitor, eu sei que nomes japoneses são incomuns fora do nicho otaku e que até mesmo jornalistas renomados ainda erram ou pronunciam daquela forma quebrada e horrível. E isso também acontece com outros termos estrangeiros.
 
No entanto, para que a dublagem passe naturalidade e seja fluída, os dubladores precisam falar da forma correta (ou pelo menos mais próxima possível da correta).
 
Também poderei comentar alguns detalhes, como: as diferenças entre as versões (na questão de vozes e interpretação), adaptação do texto, o cotidiano de trabalho dos dubladores brasileiros e qual é o processo da dublagem do contrato ao resultado.

Aviso: Esta análise não será da série completa, apenas do primeiro episódio.

Jujutsu Kaisen 2
1º episódio
Eu gosto da cara desses três palermas que esqueceram de baixar a cortina.
Opinião: Para ler a análise da história, você pode ir em Jujutsu Kaisen 2 - #01.
Todas as segundas-feiras têm análise do mais novo episódio da 2ª temporada.

Dito isto, de Jujutsu, eu só assisti um ou outro episódio dublado e vários trechos soltos pelo canal do YouTube da Crunchyroll.

Ah é, esqueci da existência de Jujutsu Kaisen 0 que vi dublado no cinema (e analisei a história da versão legendada).

Bom, acho que já deu para entender que eu gosto da trama e que ela tem um lugar especial no blog. Contudo, será que a dublagem brasileira retornou bem para essa 2ª temporada? Quais foram as adições no elenco? O resultado ficou como o esperado?

Isso vocês descobrem depois do corte. ehe~
 
Deu tudo certo e eu consegui assistir este episódio ANTES DO LEGENDADO, ou seja, minha memória auditiva está razoavelmente limpa, o que vai evitar aquela sensação de estranhamento com as vozes.

As únicas que eu já ouvi em outros momentos foram as do Gojou, Getou e Utahime. O resto vai ser a primeira vez.

"Cobrou um rim de novo?" - As adaptações do texto na dublagem sempre são a cerejinha do bolo, eu adoro.

Também acho impressionante que não tenham cortado a energia. QUEM PAGA A CONTA? OU A COMPANHIA DE LUZ SÓ SABE COBRAR DE POB— Certo, vocês vieram para saber sobre a dublagem, né?

Olha, eu não lembro da voz original da Mei Mei, até porque, parafraseando o Toji com uma leve mudança no enunciado: "Sou péssima para lembrar voz de mulher". HYAHYAHYAHYAHYA!

Ainda assim, nas primeiras cenas da Mei estranhei um pouco.
Já na parte em que entram na mansão pareceu mais natural. Talvez tenha sido o tom ou uma primeira impressão apenas? Vou votar na segunda opção por agora.

E por enquanto está tudo tranquilo, fluindo bem.

Mariana Torres, conto com você... para entregar o cagaço da Utahime. EHEHEHE!
Que foi, leitor? ESTOU AQUI TAMBÉM PELA PATIFARIA, ORAS!

Simplesmente... Maravilhoso.
Obrigada, Mariana Torres, por entregar o cagaço da Utahime de um jeito tão perfeito. Nunca duvidei que teria entretenimento!!!

Ah, as malditas pausas.
Elas sempre causam cenas estranhas e que não podem ser mudadas, pois a movimentação da boca do boneco/personagem foi feita para o texto original, por isso vemos essa pausa estranha na fala da Mei sobre correrem em direções... diferentes.

Quando o texto é adaptado, a dublagem precisa respeitar o tempo e movimentação da boca do boneco, assim vemos algo dublado e não estranhamos. Se não tivesse essa sincronia, você prestaria mais atenção nisso do que na história, e aí a dublagem perderia um de seus maiores feitos: a naturalidade.

Quando consumimos um conteúdo dublado no nosso idioma, podemos até saber que não se trata de algo nacional, contudo, vamos prestar mais atenção na história e na ação em tela. Tirando os fãs que gostam dos profissionais e do seu trabalho, a dublagem também é um meio de acessibilidade para pessoas que por algum motivo não podem ler legendas.

Se o resultado é bem-feito, você vai se focar no que é mais importante, a mensagem do conteúdo. Se alguma parte é negligenciada, você perde a mensagem para se preocupar com detalhes, e isso não é bom. Afinal, quem criou aquele material tinha o objetivo de espalhar uma história, uma informação, e se isso não acontece, a dublagem falhou em um de seus principais pontos.

Isso não é desmerecimento ao trabalho dos profissionais envolvidos, PELO CONTRÁRIO! Se tudo sai natural e fluído, fazendo com que o consumidor esqueça que aquele material é estrangeiro, a dublagem fez muito bem o seu papel.

Voltando a falar sobre as pausas estranhas... Em idiomas muito diferentes, como é o caso do japonês, existem cacoetes e vícios que são próprios de como aquelas pessoas se comunicam. Então quando o material é dublado, ele tem que fazer o "gerenciamento de crise", que muitas vezes é aquela sensação de que a frase vai continuar. Isso é feito pelo tom de voz.
Gojou sendo a cota otaku de estudante da Escola Jujutsu. Getou, melhores reações.
Como a frase da Mei era uma continuação, a dubladora sabiamente deixou a impressão de continuidade e seguiu com a palavra quando a boca do boneco voltou a se movimentar.

Apesar de parecer algo simples, infelizmente nem todo mundo consegue fazer e nem todo diretor dá uma boa diretriz a respeito disso. Não é raro encontrar cenas com essas pausas em que o profissional termina como se fosse um ponto final e depois continua como se fosse início de frase.

Se a gravação vai assim para a versão final, você percebe que a dublagem não foi feita com tanta responsabilidade. Seja por falta de experiência, pressa ou má fé, dá para tirar por esses detalhes que o trabalho foi feito de qualquer jeito.

Afinal, leitor, a dublagem é um trabalho como qualquer outro e um contrato para ter algo dublado envolve dinheiro. Então o mínimo que se espera de uma empresa dita responsável, é que ela faça seu trabalho direito.

Dito isto...
BOM DIA, SATORU GOJOU! VAI BEM? POSSO ROLAR NO CHÃO AGORA QUE VOCÊ APARECEU, MALDITO?!

Pronto, sociedade, já surtei... Ah, a abertura entrou. Nem lembrava se tinha abertura nesse primeiro episódio.
Bom, em minha defesa, eu vejo tanto anime toda semana no trabalho e para o blog que é normal nem saber mais os nomes de alguns personagens. Desculpa.

Assistir essa abertura depois de ter visto o 3º episódio, machuca. Devia ter pulado.

Que horror, imagina estudar com esses lixinhos... HYAHYAHYAHYAHYA!
Tacaria sal no Getou e no Gojou. Se bem que esse método Reigen Arataka talvez não funcione para exorcizá-los, né?

Mei: Não estão esquecendo de nada? E a cortina?
Kimono: Cortina? O que é isso? É de comer?

Acho revoltante Gojou e Getou terem vozes gost...áveis. Quero uma petição para proibir isso.

PERA!
O QUÊ?!

Getou: Quer conversar lá fora, Satoru?
Gojou: Tá se sentindo solitário? Vai sozinho, gato.
Kimono: É PRA ISSO QUE VEJO ANIME DUBLADO! PRA TER ESSE TIPO DE FANSERVICE DE INDECÊNCIA!

Cacete, na boa, ALGUÉM PRECISA PARAR O LÉO RABELO!
Parece que ele encontrou o caminho para a patifaria quando foi escalado para esse papel! NÃO É POSSÍVEL!

Acho que o que torna a dublagem de Jujutsu tão boa é a inserção de textos mais fluídos e de interpretações jocosas dentro do contexto.
No Gojou, faz sentido ele ser esse patife, porque é um idiota forte pra caramba, arrogante e que não conhece a palavra "humildade".

Já uma coisa que me irrita muito é a repetição de termos.
Eu ouvi tanto "Mestre Tengen", que sou capaz de matá-lo eu mesma.

Entendo que quando o texto traduzido fica curto é preciso dar uma enrolada, colocar termos maiores ou até mesmo repeti-los, só que não podia mesmo tirar essa quantidade exorbitante de "Mestre Tengen" da conversa?

Como eu sou uma pessoa insuportável, vou voltar o vídeo e contar quantas vezes eles repetem.

A partir da minutagem 16:19 até 18:07, tiveram 10 "Tengen" e "Mestre Tengen". Tendo uma quantidade maior em pouco tempo a partir dos 17 minutos.

É exaustivo escutar a mesma coisa várias vezes em menos de dois minutos.

Getou: Você tem que ser mais humilde...
Gojou: Prefiro morrê!

Não se preocupe, amado, VOCÊ VAI.
Aliás, todo mundo vai algum dia.
Rindo horrores da Utahime. Imagina uma lascada dessas...
E terminou o episódio.
Agora a gente segue com a parte mais séria da análise, o Telecurso do Jujutsu - Técnica Amaldiçoada da PATIFARIA!

Olha, vou ser bem sincera, é extremamente divertido analisar animes dublados, porque a gente consegue reparar na animação, na arte e em vários outros detalhes que passaram despercebidos por causa da legenda.

E eu sou fã tanto da dublagem japonesa quanto da brasileira. Ou seja, sempre saio no lucro.
 
Primeiro, vou colar aqui um esquema sobre como animes são dublados, depois a gente passa para o elenco de dublagem.
 
Você sabe como um anime vai parar num estúdio de dublagem e chega todo abrasileiradinho no serviço de streaming? COLA AQUI QUE A TIA EXPLICA!

Anime Dublado - Fase 1
Os direitos de um anime pertencem a uma empresa. Ela pode explorar comercialmente o produto, inclusive negociando com empresas de outros países, como sites de streaming.
 
Quando o site de streaming recebe o direito de colocar esse anime no seu catálogo, ele pode traduzir para gerar legendas e pode dublar. É bom entender que há uma série de cláusulas específicas nos contratos e interesses da empresa de streaming envolvidos, que podem permitir ou não a dublagem de determinado produto.

Bom, a partir do momento em que a empresa decide que vai dublar o anime, ela se torna o "cliente". E é ele que vai pedir orçamentos aos estúdios de dublagem. Aquele que tiver o melhor custo-benefício, é escolhido, firmam um contrato e os trabalhos começam no estúdio de dublagem.

Anime Dublado - Fase 2
O estúdio de dublagem recebe os materiais e começa a procurar dubladores por meio de audições ou contato direto.
 
Em algum momento por aqui, o tradutor e o adaptador já devem estar trabalhando.
 
Nesta fase, para que a dublagem saia do jeito que vimos neste episódio, trabalham: diretor, técnico de som/técnico de captação/técnico de edição, controle de qualidade, tradutor, adaptador do texto para dublagem e dubladores.

O diretor é o responsável por escolher as vozes de cada personagem.
Como Bungou voltou para a 4ª temporada e várias vozes já foram escolhidas, o diretor verifica a disponibilidade dos dubladores. Qualquer um que não possa voltar por algum motivo, é substituído por um profissional igualmente competente.

O diretor pode fazer contato direto com um dublador se ele achar que aquela pessoa combina com determinado personagem. A partir daí, o dublador é chamado para gravar um teste. O teste é enviado ao cliente, que aprova ou pede um novo teste com o mesmo profissional ou com outro. Aprovado pelo cliente, aquele dublador fica responsável por um personagem.

O diretor pode fazer audições, recebendo vários profissionais que farão testes para os personagens. Esses testes são enviados ao cliente, que aprova ou desaprova naquele mesmo esquema acima.

Anime Dublado - Fase 3
Todos os dubladores foram escalados. Hora de começar os trabalhos de fato.
O estúdio marca os horários com os profissionais, que vão até lá ou gravam de forma remota, recebendo orientação do diretor.

As gravações são feitas num espaço dividido em dois ambientes, a sala acústica onde fica o dublador sozinho e a sala onde ficam o técnico de som e o diretor de dublagem.

Depois que todas as falas do episódio são gravadas, elas são mixadas e enviadas ao cliente que disponibiliza dentro do seu serviço de streaming.

- FIM -
 
Todo esse esquema descrito acima sobre a dublagem foram tiradas de anos de curiosidade sobre o assunto e entrevistas com dubladores. Ou seja, a situação pode ser um pouco diferente, tendo etapas a mais ou a menos.

Eu não trabalho com dublagem, então não sei o sistema exato.
Não sei se as informações que tenho como revisora de legendas, a respeito de como trabalham a empresa de streaming e a dublagem, são sigilosas, portanto, vou omiti-las.
(Adendo: Não trabalhei na equipe de localização de Jujutsu Kaisen, mas sou revisora de legendas de outros animes na Crunchyroll).

No dia que eu for amiga de alguém que duble e tiver intimidade o bastante para perguntar sobre isso, atualizo essas informações.
Basicamente minha alma gêmea de cagaço em lugar mal-assombrado.
Agora vamos ao elenco de dublagem.
 
Como estou começando a escrever este post no dia que saiu a dublagem, alguns nomes ainda não foram creditados no Dublapédia. Aliás, uma ideia aí para estúdios de dublagem e clientes (empresas detentoras dos direitos das séries) que pedem a dublagem, vocês poderiam gerar uma lista com os créditos, né? De preferência completa, com nome desde o protagonista até o transeunte B.

Também seria bacana saber as pessoas que trabalharam nos bastidores, como técnico de captação de som, aquele que mixa tudo, quem traduziu, quem adaptou, etc. Ainda assim, entendo quem não queira se expor, pois existem uns "fãs" que são bem imbecis e começam a perseguir. Infelizmente nossa sociedade ainda é incapaz de distinguir seus problemas e resolvê-los com terapia, psicólogos e psiquiatras.

Dito isso... O elenco de Jujutsu Kaisen 2 foi tirado do Dublapédia.

Satoru Gojou é dublado por Léo Rabelo.
Suguru Getou é dublado por Wesley Santana.
Shoko Ieiri é dublada por Aline Ghezzi.
Mei Mei é dublada por Angélica Borges.
Utahime Iori é dublada por Mariana Torres.
Masamichi Yaga é dublado por Gutemberg Barros.
Riko Amanai é dublada por Roberta Piragibe.
Toji Fushiguro é dublado por Marcos Souza.
Shiu Kong é dublado por Eduardo Lassah. (atualizado em 29/08/2023)
Kokun é dublado por Victor Brum (via My Anime List).
Bayer é dublado por Renan Duarte (via My Anime List).
O diretor da dublagem continua sendo o Leonardo Santhos (Mahito de Jujutsu Kaisen) e o estúdio de dublagem é Som de Vera Cruz.

E agora o aviso que vai aparecer em TODOS OS HAORI DUB:
Dada a situação desagradável e degradante que o presidente anterior deixou no país, vou me abster de comentar qualquer coisa relacionada a dubladores que sejam apoiadores dele. Apesar do meu total desgosto e repugnância por aquela besta genocida, o foco aqui é a dublagem. Qualquer coisa, o Google está aí. ;D

Muito bem, hora de começar os trabalhos.

Riko, Toji e Kong
Nesta estreia a participação dos três é bem pequena, apenas algumas falas no final do episódio. Sendo a Riko a mais prejudicada, já que só tem uma.

Com isso não dá para fazer análises aprofundadas, entretanto, pelo pouco que se viu, foram trabalhos bem-feitos.

Uma dublagem fica boa quando ela apara todas as arestas, ou seja, se preocupa em cobrar a mesma qualidade entre profissionais que fazem protagonistas e os que fazem pontas e coadjuvantes. Se todo mundo entrega um bom trabalho, obviamente o resultado vai ser o melhor possível.
 
O mais importante é que aqui todos tiveram naturalidade nas suas falas, então o estranhamento pode ser apenas uma impressão do primeiro impacto.
 
Aparentemente, as escolhas de vozes ficaram boas, não destoando dos personagens.
 
O Marcos Souza foi uma escolha interessante para o Toji, pois já o vi dublando muito personagem marrento, tanto em animes quanto séries e filmes. Aliás, saudades do detetive Marcus Dante (Tory Kittles) de The Equalizer - A Protetora (Michael Sloan, Richard Lindheim).
 
Sim, eu acho o Toji marrento.
Ele tem essa postura de fortão meio nem aí com nada, mas conforme os episódios vão passando, você vai conhecendo o personagem e isso traz o entendimento do que deve ser cobrado do dublador na hora da interpretação e no tom de voz usado.
 
Gosto desse tom mais normal do Marcos, só que levemente mais contido para não parecer tão jovial (que nem o Gilthunder de Nanatsu no Taizai) e nem tão solto. Não acho que o tom grave do Dante ficaria bem no Toji, por exemplo.

Todas essas informações devem ser levadas em consideração na construção do personagem em português brasileiro. Não é simplesmente chegar e fazer de qualquer jeito.

O Kong é uma situação à parte, porque pensando agora na voz original, achei o Hiroki Yasumoto muito grave para o personagem. O tom do dublador brasileiro me pareceu mais interessante, só que talvez um pouco jovem (mais agudo). Enfim, pode ter sido o choque da primeira impressão, como comentei anteriormente. Talvez nos próximos episódios o ouvido se acostume ao tom.
Pensando que vamos escutar o Toji em português perdendo apostas. Que maravilha.
Koku e Bayer
Com participações tão curtas quanto o trio citado acima, eles também entregaram um ótimo resultado com fluidez e naturalidade. Principalmente se pensarmos que os nomes japoneses são um pouco mais complicados de pronunciar. Bom, esse é um assunto para um tópico próprio.

Um ponto na arte favoreceu ambos: a máscara que cobria a boca do boneco.
Isso é ótimo quando o texto é um pouco maior que o áudio e o dublador pode dar uma "roubadinha", já que não tem essa movimentação.
 
Gemidos e Grunhidos
Antes que a 5ª série de todo mundo comece a apitar, o assunto é sério.
Infelizmente vai ser impossível impedir a sua 5ª série, então boa viagem.
 
Pessoas de países diferentes gemem de formas diferentes.
Às vezes, em alguns animes, talvez por inexperiência do diretor e do dublador, eles imitam os gemidos japoneses e a gente tem uma sequência de sons que não fazem sentido, porque os brasileiros não vão ficar grunhindo de dois em dois segundos por causa de dor ou susto.
 
Aquela versão fica boa, pois os japoneses gemem daquele jeito, então na dublagem original soa natural.
 
Uma cena que dá para ver como a imitação fica tosca na versão brasileira, é no 1º episódio de Love of Kill. Lá para o meio do episódio, tem uma mulher que está no quarto com um dos protagonistas, o Ryang-ha, e ela entra em desespero, pois precisa segurá-lo ali para que um assassino chegue. Para demonstrar esse nervosismo, na versão original, a personagem geme, sem saber como impedir que o Ryang-ha saia. Na versão brasileira, a dubladora imitou o original e o resultado não ficou legal.

A culpa não é necessariamente da profissional, afinal, quem aprova a gravação é o diretor. Então faltou atenção dele e diretrizes melhores para que a dubladora entregasse um bom resultado.

Um dos acertos de Jujutsu, pelo menos aqui, foi não imitar a versão original, incluindo algumas particularidades que deram originalidade à dublagem sem perder o contexto das cenas, o que é muito bom.

Porém, esse recurso deve ser usado com sabedoria.
Se aparecer toda hora não vai ser apreciado como se deve.
 
Pronúncias
As pronúncias estavam todas corretas e provavelmente seguiram as mesmas da 1ª temporada, o que garante a consistência.

"Ah, Kimono, mas o correto não é 'go-djôu' em vez de 'go-jô'?" - Sobre isso, leitor, acredito que a equipe tenha optado pela segunda opção talvez para evitar cacófatos, já que o sobrenome do idiota do cabelo branco parece com a palavra "gozou".

Ainda acho que "go-djô" (sem o "u") causa menos estranheza que "go-", que para mim soa mais próximo a "gozou".

Sobre usarem "quil" em vez de "quê" para a facção Q, acredito que cause menos confusão no texto e seja de fácil compreensão, além de lembrar a palavra inglesa kill, que significa "matar" e tem tudo a ver com o grupo.
 
Yaga
Gosto bastante da voz do Gutemberg no Yaga por achar que combina com o boneco. Também gosto que em cenas que o personagem abre a boca ou parece falar com mais intensidade, ele não grita e nem fala alto desnecessariamente. Isso demonstra compreensão do dublador e do diretor de como a mensagem deve ser passada.

Existem modos de dar as falas que ficam bem em japonês e colocadas na dublagem brasileira não ficariam tão legais, por isso é preciso observar além da linguagem física do boneco, se o personagem e o texto permitem uma voz mais alta ou um berro. Essa foi uma questão que peguei bastante no pé em Bungou S4 - #04 (BR).

Shoko, Mei Mei e Utahime
Tirando aquele primeiro estranhamento das cenas da Mei Mei no carro, a voz da Angélica combinou bem com a personagem e a interpretação estava ótima.

O mesmo vale para a Aline, que trouxe uma Shoko divertida, meio aleatória e sem tempo para as tretas dos coleguinhas.

E aqui vou confessar que gosto mais da versão brasileira da Utahime do que a original. Acho que a voz da Mariana combinou mais com a personagem. Seus gritos e grunhidos foram bastante divertidos de acompanhar e ficaram muito bons.

A interpretação das três soou natural e as falas saíram fluídas, assim como as pronúncias.

Quando a equipe tem o cuidado de manter a consistência das pronúncias, o resultado costuma ser ótimo.

Um detalhe interessante com certeza foi o acerto na escolha das vozes do elenco.
É impressionante como alguns diretores conseguem formar um elenco que combine com os bonecos, sem se basear unicamente na versão original e tentar trazer um "Yuuichi Nakamura brasileiro", por exemplo.

Cada profissional, em qualquer país, tem suas próprias características e elas devem ser bem aproveitadas numa série.

Além do mais, como fã de dublagem e consumidora, acredito que seja mais inteligente estudar o boneco, entender quem ele é e a partir disso pensar na voz e no timbre que combinaria mais.
Getou sendo o "rei das melhores reações" quando está com o amiguinho.
Gojou e Getou
Léo, Wesley, Gutemberg, Angélica, Aline e Mariana retornaram aos seus papéis nesta segunda temporada. Já conhecem os personagens e por isso mesmo não precisam de tantas diretrizes para encontrar o estilo certo .
 
Obviamente talvez precisem "lembrar", já que da temporada anterior até esta, espero que tenham trabalhado bastante. Por conta disso e da quantidade de tempo nesse ramo, talvez seja difícil recordar o jeito de tantos bonecos.
 
Mesmo assim, ninguém fez feio nesse retorno.
 
A impressão que eu tenho, e que mora numa memória que não me dá tanta segurança, é que assim como os dubladores originais, eles deram uma leve suavizada no tom dos personagens, afinal, Gojou e Getou são adolescentes aqui.
Na temporada anterior, todos já são adultos de quase trinta anos, então espera-se que a voz mude nessa passagem de tempo.

Aqui o Gojou parece mais inconsequente, assim como o Getou tem certa leveza.
As vozes do Léo e do Wesley parecem mais encorpadas em Jujutsu 0, a única vez que ouvi o Wesley no Getou adulto.

Acho importante esse tipo de atenção aos detalhes, porque poderia muito bem ter passado batido. E é esse tipo de cuidado que transforma um resultado bom em um resultado ótimo.

E por isso o diretor precisa estar atento para encaminhar bem os profissionais mais experientes e dar boas diretrizes aos que estão começando.
Tudo bem não dar certo de primeira e até uma gravação não tão boa ir ao ar, desde que as pessoas aprendam e ganhem experiências. Também não dá para exaurir um profissional só por causa da busca pela perfeição.

Falando agora dos dubladores do Gojou e do Getou especificamente, acho revoltante como as vozes combinaram bem com os bonecos.

O Wesley usa muito bem a suavidade da sua voz mesmo em momentos que pedem tons mais sérios, irritados ou de saco cheio, como quando o Getou teve que dar sermão no Gojou que não conhece a palavra "humildade".

Sem falar que essa "suavidade" é um trunfo para o personagem, uma vez que o Getou se torna um dos maiores antagonistas de Jujutsu, e essa voz mais "macia" seja usada para enganar as pessoas. A famosa "voz de gostoso que não vale nada".

Enquanto o Léo tem esse tom animado e palhaço, que combina bem com o Gojou que não leva a sério as coisas quando tem facilidade de lidar. No entanto, quando é preciso mais atenção e seriedade, o Léo entrega um Gojou que sabe da sua responsabilidade. A famosa "voz de gostoso que sabe que é gostoso e a gente ama odiar".
Diga uma opinião impopular sobre dublagem: quem não gosta é bobão.
Últimas considerações
Num geral, o resultado ficou muito bom.
As pronúncias estavam consistentes, as interpretações estavam naturais, as novas adições no elenco também combinaram com os bonecos e os detalhes receberam a devida atenção.

Lembrando, é claro, da repetição de Mestre Tengen que mesmo eu compreendendo que pode ter sido usada para completar a frase no tempo de boca, ainda não é o mais apropriado.
- - - - - -
Leitor, adoraria dizer que pretendo analisar as duas temporadas dubladas de Jujutsu mais o filme, só que eu não tenho esse tempo. Por enquanto aquela promessa da 1ª temporada fica rodando pelo universo. Vai que de repente rola, né?

O único comprometimento que tenho agora é com Bungou Stray Dogs S4, pois só tem TREZE EPISÓDIOS e treze é menor que vinte e quatro (número de episódios de Jujutsu S1).
 
Enfim... Continuo com minha carteirinha de fã de dublagem e aparentemente invisível aos olhos dos dubladores. (Tirando aquele comentário suspeito... o_o *desespero*)
 
Menos mal, já que não dá nada falar que dublador japonês tem voz de gostoso, agora fazer isso com brasileiro... Não, obrigada, eu viraria um pimentão. Dispenso passar vergonha online.
 
Este anime foi assistido na Crunchyroll.

Por Kimono aquela que tinha considerações surtantes e resolveu escondê-las debaixo do tapete da Limbosfera. EI! NÃO LEVANTA ESSE TAPETE AÍ, CACETA! - 02/08/2023

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