sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Gegege no Kitarou (2018) - #15 e #16

Última Dobradinha Sobrenatural entre Kitarou e Muhyo to Rouji, já que a turminha do Direito Mágico vai se despedir do blog hoje.

Nos episódios anteriores... Kitarou teve que enfrentar um youkai que transformava as pessoas em diamantes e depois precisou resgatar adultos que estavam presos no Mundo dos Sonhos! Dois episódios que discutiram a ganância humana e a pressão da sociedade, além das responsabilidades de um adulto.

Ainda vai dar para trocar de rosto quando você virar youkai, Kirara?


Gegege no Kitarou (2018)
15º episódio
Eu sabia que japonês tinha mania de fazer tempurá com todo, agora com alma humana...?
Opinião: Eu estou ficando velha, leitor, e já tem pelo menos alguns anos que digo isso. É uma verdade, quem está vivo envelhece, no entanto, não estou comentando nesse sentido.

Tudo o que eu faço ultimamente é para tentar facilitar a minha vida de blogagem, porque o cansaço de todas as coisas que tenho que fazer, além de lidar com a boa ou má vontade do clima, está me dando um status permanente de cansaço.

E uma das coisas que está me matando, é ver que Kitarou já tem 39 a 40 episódios publicados e eu aqui comentando os menos de 20.

Não é por nada não, leitor, mas estou pensando seriamente em trazer Kitarou duas vezes por semana (se o cronograma permitir), para diminuir essa diferença.

ESTÁ ROLANDO EPISÓDIO DE BRUXA e eu aqui ainda falando sobre a Sophie, Ladra de Rostos.

É.
Se eu tivesse me programado ainda melhor, o episódio da Zunbera BATERIA EXATAMENTE com os episódios macabros da Sophie. Porém, como é de praxe, minha memória é aquela menina desajustada do colégio, que é boa em uma só coisa e normalmente não revela isso para ninguém.

Feita a introdução com muita encheção de linguiça, FALEMOS SOBRE ACEITAÇÃO e como o bullying é uma praga.

Imagine que você está cansada de ser ridicularizada desde sempre por não estar nos padrões de beleza. Agora acrescente o fator da pressão que a sociedade coloca em cima de você por ser mulher. E lembre-se que nunca recebeu apoio para aflorar o que você já tem de melhor.

Será que a proposta de uma desconhecida para resolver os seus problemas seria mesmo ignorada? Ainda mais se ela dissesse que você pode subir, da noite para o dia, ao maior patamar de beleza apenas... comendo uma alma humana empanada?
E de repente TODO MUNDO parece ter se interessado pela garota.
Há duas discussões muito interessantes neste episódio e que me fizeram ter outro pensamento a respeito da resolução. Se na primeira vez que assisti discordei da personagem, nessa segunda olhada eu até gostei da decisão dela.

É bom lembrar que este é um anime para todas as idades e que passa numa faixa de horário que normalmente as crianças estão assistindo (domingo de manhã), por isso os personagens são um pouco mais novos que os fatídicos adolescentes dos shounenzinhos por aí.

Estamos tratando de crianças e pré-adolescentes.
Pelo menos essa é a primeira intenção, o que obviamente não desqualifica outras faixas etárias em se sentirem representadas.

No caso aqui temos Kirara Fusano, uma garota como qualquer outra.
Bastante vaidosa e com um gosto muito fofo para roupas, ela acaba se destacando pelo rosto que não é considerado bonito pelos padrões atuais de beleza.

Rosto este herdado da mãe.
E por isso aquele rompante de: "A culpa é sua!"

A gente vive falando de youkai, só que em questão de comportamento eles tendem a ser bem sinceros aos seus instintos, enquanto os seres humanos conseguem atingir um nível de crueldade bem maior.

Quem disse que uma pessoa fora dos "padrões de beleza" não pode gosta disso ou daquilo? Que precisa ser marginalizada? Que não pode amar?

São as velhas discussões de sempre e de uma sociedade que não evoluiu em praticamente nada durante esses anos.
Não acha um pouco tarde para finalmente se declarar para ela, moço?
Na escola é humilhada pelas colegas e recebe o pavor dos garotos, quando vai dar apoio ao crush que é ator, as outras fãs a repelem, as crianças na rua fazem chacota e até mesmo o entregador de pacotes é mal-educado.

Imagina passar doze a catorze anos da sua vida nessa espiral de desgraça e com os hormônios da adolescência começando a dificultar ainda mais essa relação.

Por mais suspeito que pareça e por mais macabro que seja, uma Zunbera oferecendo um milagre que não exige gastar dinheiro ou sofrer numa sala de cirurgia por horas e se recuperar depois de muitos meses, não é de se deixar passar.

Mas é claro que nada nesta vida foge da famosa troca equivalente.
Nada é eterno e é óbvio que o efeito da cirurgia espiritoplástica uma hora passa. O efeito colateral é terrível, a pessoa PERDE O ROSTO e se torna uma Nopperabo.

Para ter um "novo rosto" é preciso consumir uma alma humana, obviamente a dona do rosto desejado, ou seja, você troca o rosto de um vivo por o de uma pessoa morta.

E as consequências a longo prazo são a de tornar esse humano ingênuo em um youkai, afinal, você está mexendo com o sobrenatural e, PIOR, consumindo ALMA DE GENTE COMO A GENTE. Bem não deve fazer, né?

Zunbera coopera tranquilamente com o Kitarou, uma vez que mesmo devolvendo o rosto, ela sabe que sempre alguém a procurará para obter o "rosto perfeito" e sentir o gostinho de ser aceita pela sociedade.

E o que eu mais achei interessante é que ali não estão apenas rostos de mulheres, mas também de homens!!!

Aliás, a gente fala bastante sobre os problemas de aceitação das mulheres, contudo, há uma parcela de homens que, novamente por pressão da sociedade, evitam contar sobre suas experiências.

Sofrem calados e não recebem o tratamento adequado.
Não é por nada não, mas combinaria aí também "Zombeteira", porque ela tem uma cara de pau e parece estar de boa com todas as loucuras que o pessoal faz.
Eu só consigo ver a Mana julgando todo mundo ali no cantinho.
É importante ensinar as gerações mais novas que "brincadeiras", sejam com intenções maldosas ou não, podem gerar consequências muito graves, principalmente num país como o Japão que tem uma taxa de suicídio alarmante.

É complicado falar de aceitação quando a sociedade é o principal veneno e não consegue se consertar. Atualmente no Brasil até podemos dizer que as coisas têm "melhorado" um pouco, com a inclusão de mulheres com todo o tipo de beleza em alguns comerciais, principalmente de roupas, acessórios e produtos de beleza.

PORÉM, essa é uma luta constante.
Quem se aceitou como é ou quem buscou modos de atingir um objetivo para se aceitar têm que estar sempre falando sobre isso, dando discursos positivos, pois a sociedade permanece preconceituosa, e infelizmente não só na rua.

Às vezes o maior inimigo está dentro de casa, com pais que humilham seus filhos com comentários, como "está comendo demais, assim vai ficar gorda", "pare de ser desleixada, coloque uma maquiagem", "ah, nenhuma pessoa vai querer ficar com alguém como você".

Aceitação, leitor, é quando você está bem consigo mesmo e ponto.
Não é seguir padrão de beleza, como se ele fosse te dar a carta de alforria para ser finalmente feliz. Não é ficar obcecado para se tornar alguma coisa que nem sempre o seu biotipo te permite.

A Kirara disse que quando se tornou bonita, se sentiu viva pela primeira vez.
E ela não quis abrir mão dessa sensação mesmo depois de toda a declaração do crush, que disse que a aceitava do jeito que ela era.

Bom, bonito e bacana. O mundo merecia mais esse tipo de relação e amor.
Foi tocante quando ele disse que enquanto as outras olhavam apenas a beleza estética, a Kirara o tocava com suas cartas de apoio. Ou seja, ela ofereceu algo mais importante do que apenas elogiar a atuação e a beleza do moço.

E aqui eu acabei gostando do final, apesar dos pesares.

A Kirara, mesmo recebendo a declaração apaixonada do Yusuke, volta a procurar a Zunbera.

Por que a felicidade de uma mulher precisa ser pautada na correspondência do amor de alguém? Por que o mundo de repente ganharia sentido?
Quando a aparência é tão importante que a pessoa não consegue perceber o mal que faz a si mesma.
A tranquilidade de quem não se importa em virar youkai se puder ter um rosto bonito.
É um paradoxo, eu sei, não gritem.
Mas também é uma quebra de expectativa, além de lembrar que só nos contos de fadas os relacionamentos terminam com um "viveram felizes para sempre".

E se aquilo acabasse depois, como ela continuaria a viver?
Ficaria frustrada por não ter feito o que de fato queria de coração.

Sim, é especulação, leitor, só que este blog não é sobre análise impessoal de uma obra, são comentários semanais de episódios de anime. 

Muito bem...
Procurei mais uma vez nos meus volumes da edição de 2007 da Kodansha e não achei nenhuma história com a Zunbera.

Olha, não dá para reclamar não, pois todo mundo envolvido no projeto de Kitarou (2018) tem feito um ótimo trabalho.

Existem inúmeros youkais no folclore japonês e várias lendas urbanas, então esperar que tudo esteja minuciosamente nas histórias mais antigas de Kitarou é querer demais.

Sobre o dublador do Yusuke, Kenji Akabane, ele fez aquele Nando M de Magi. O "NANDO M"... EU NEM TENHO O QUE COMENTAR, SÓ O QUE SENTIR...


Gegege no Kitarou (2018)
16º episódio
Não por muito tempo, meu senhor, NÃO POR MUITO TEMPO!
Opinião: PERDER OPORTUNIDADES NÃO É COMIGO E MUITO MENOS COM O ROTEIRISTA DESSA TEMPORADA DE KITAROU!

Fomos levados a Sakaiminato, na província de Tottori, lar dos parentes por parte de pai da Mana e TERRA-NATAL DO AUTOR DE KITAROU: SHIGERU MIZUKI!

Lá tem um museu e um "caminho" dedicados a obra sobrenatural mais conhecida do Mizuki-sensei.

Os próximos episódios se passarão na cidade, então vamos aproveitar no mesmo estilo de Udon no Kuni!

A história deste episódio é adaptada do volume 3 da edição de 2007 da Kodansha.

Os principais youkais aqui são o Umi-Zatou e os Funa-Yuurei.
Um dos diversos episódios de Nippon no Mukashibanashi tem os Funa-Yuurei, mas o pessoal não vira um deles e se salva por puro milagre.

Para quem gosta de mitologia e folclore japonês, recomendo bastante o Mukashibanashi. Tem na Crunchyroll. Só cuidado ao abrir o link, pois pode demorar por conta da QUANTIDADE DE EPISÓDIOS (estou atualmente no 131 para vocês terem ideia).

Sabe aquela conversa linda que todo mundo gosta de usar com o Japão? A tal da "tradição com modernidade"? E se eu te disser que o pessoal em Sakaiminato está numa treta desgraçada exatamente por não querer ceder ao meio termo dessa conversa?

Pois é isso que está rolando quando a Mana chega na cidade-natal do pai.

Verão, época boa para fazer festival, comer melancia e vir com o famoso episódio de praia (que não vai acontecer aqui, parece que só no próximo).

Uma época em que o local já deveria estar enfeitado, está empacado por causa dos que querem trazer modernidade e turistas contra aqueles que querem manter a tradição sem arredar o pé de nada.
Quem disse que youkai tem que torrar que nem a gente no calor? Se fosse no Brasil, tinha que ter curupira tomando um sacolé/gelinho/geladinho.
É aquele famoso embate de gerações e de um bando de cabeça-dura.
Fazer o quê? Japonês não é o povo mais conhecido por manter amplos diálogos até que todo mundo encontre um ponto de convergência.

E também é conhecido por respeitar e idolatrar muitos deuses.

As pessoas ficam bravas quando eu digo que o Japão é a terra da macumba, provavelmente por conta de seus preconceitos com religiões que não sejam cristãs e católicas.

No entanto, é bom pegar uma água e engolir a realidade, pois numa terra de mitologia rica e assombração saindo pelas frestas, falar que ela não é cheia das macumbarias é assumir a própria burrice e de um jeito BEM FEIO.

E não uso a palavra "macumba" com o sentido grotesco que foi dado pelo povo preconceituoso. Ela é a junção do sobrenatural com as forças da natureza, é um poder sagrado.

E festivais não são apenas eventos que visam atrair turistas ou vender coisas, eles normalmente são grandes acontecimentos voltados a agradecer deuses, antepassados e tudo o que nem sempre pode ser visto.

Exatamente a temática de Kitarou: aquilo que não pode ser visto e mesmo assim existe.

De qualquer forma, num mundo cada vez mais descrente, foi um tanto engraçado ver que a população de Sakaiminato aceitou numa boa quando a Mana falou que o sumiço do tio e das embarcações poderia ser obra de um youkai.

TODO MUNDO NESSE RAIO DE ANIME JÁ DUVIDOU DA EXISTÊNCIA DE CRIATURA SOBRENATURAL e a turma de Sakaiminato simplesmente ficou de boa.

Sakaiminato melhor cidade.
Um poderoso youkai marítimo... vencido por um arremesso de beisebol. Japão é foda.
Aí a gente cai também naquele lugar-comum de GeGeGe no Kitarou (2018): algum imbecil fez favor de arrancar o selo que mantinha o Umi-Zatou quieto.

Adivinha de quem foi a culpa?
Pelo menos ele se redimiu ajudando o Kitarou quando foi necessário.
Tudo bem que a Mana-Gata precisou dar uma "ajudinha", só que ele fez a parte dele direitinho.

Um pouco clichê? Bem clichê.

Em suma ficaram as lições:
-Ganância é uma desgraça;
-A união faz a força;
-Beisebol é um esporte muito querido no Japão;
-Kitarou é pau para toda obra!

Só mais dois detalhes para destacar e a gente encerra o assunto.

Biwa é um instrumento japonês que deriva de uma espécie de alaúde chinês. Tocado com uma palheta grande, como se faz com um shamisen. O biwa é mais lembrado por ser um instrumento de uso da deusa Benten, uma das Sete Deusas da Fortuna. E neste episódio ele é usado para comandar os Funa-Yuurei.

Sabe aquelas "lanternas" acesas que se movimentavam pela água quando o festival finalmente acontece? Elas provavelmente são do Bon Odori/Obon, que celebra e agradece as almas dos antepassados.

Aqui ele faz parte das comemorações do festival da pesca.
Eu fico me perguntando se essa é uma boa pescaria ou se é melhor chamar o Natori logo.
Agora que está nas férias de verão, será que a Mana vai sossegar um pouco ou se meter em encrencas com youkais vai ficar mais frequente? E a patota do Kitarou, vai ficar mais um tempo aproveitando Sakaiminato?

Esse anime foi assistido na Crunchyroll.

Nos vemos no próximo post de Gegege no Kitarou (2018)!

Por Kimono Vermelho aquela que adoraria passear na Mizuki Road - 18/01/2019

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